janeiro 22, 2009

Para os pais

Apenas brincando

_Quando eu estiver a construir um edifício de blocos,
Por favor não digas que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.Sobre equilíbrio e forma.

Quando eu estiver bem vestido, a por a mesa, a cuidar do bebé,
Não tenhas a idéia de que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser uma mãe ou um pai.

Quando me vires pintado até aos cotovelos,
A construir uma moldura, ou a moldar e a dar forma à argila,
Por favor não me deixes ouvi-te dizer que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.Eu estou a expressar-me e a ser criativo.Algum dia eu posso ser um artista ou um inventor.

Quando me vires sentado numa cadeira a "ler" para uma audiência imaginária,
Por favor não rias e não penses que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.Algum dia eu posso ser um professor.

Quando me vires a apanhar insectos ou a guardar as coisas que encontro no bolso,
Não os jogues fora como se eu "estivesse apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser um cientista.

Quando me vres a fazer um puzzle,
Por favor, não penses que estou a desperdiçar tempo "brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.Estou a aprender a concentrar-me e a resolver problemas.
Algum dia eu posso ser um empresário ou um engenheiro.

Quando me vires cozinhar ou provar comidas,
Por favor não penses que estou a aproveitar, que é "só para brincar".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Eu estou a aprender sobre os sentidos e as diferenças.
Algum dia eu posso ser um "chef" cozinheiro.

Quando me vires a aprender a saltar, pular, correr e mover meu corpo,
Por favor não digas que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Eu estou a aprender a conhecer melhor o meu corpo.
Algum dia eu posso ser um médico, uma enfermeira ou um atleta.

Quando me perguntares o que fiz na escola hoje,
E eu responder: "Eu brinquei".
Por favor não me entendas mal.
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Eu estou a aprender a apreciar e ser bem sucedido no trabalho.
Eu estou a preparar-me para o amanhã.
Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar.

Anita Wadley.

Poema de Pablo Neruda


Morre lentamente quem não viaja,

quem não lê, quem não ouve música,

quem destrói o seu amor próprio,

quem não se deixa ajudar.



Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,

repetindo todos os dias o mesmo trajecto,

quem não muda as marcas no supermercado,

não arrisca vestir uma cor nova,

não conversa com quem não conhece.



Morre lentamente quem evita uma paixão,

quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"

a um turbilhão de emoções indomáveis,

justamente as que resgatam brilho nos olhos,

sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.



Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,

quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,

quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.



Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da

Chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,

não perguntando sobre um assunto que desconhece e

não respondendo quando lhe indagam o que sabe.



Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo

exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.

Estejamos vivos, então!


Poema de Pablo Neruda.

janeiro 19, 2009

Teatro de Fantoches




Como a leitura e o teatro, também são duas das áreas de trabalho, esta semana decidimos organizar um teatro de fantoches. Fizemos fantoches com meias, lã, tampas de garrafas e restos de tecidos. A seguir inventámos uma história e apresentámos aos nossos colegas. Foi muito divertido!!!!


Trabalhos realizados no atelier de expressão plástica

No atelier de expressão plástica continuamos a descobrir algumas das obras e pintores que têm marcado a História das Artes e da Humanidade. Desta vez escolhemos Miró e Matisse (novamente).

Matisse


Miró

janeiro 15, 2009

Projecto de sala - introdução

Como já aqui foi referido, o tema do projecto educativo para o próximo triénio é a Educação pela Arte, é dentro desta abrangente área de trabalho que as actividades do CATL do Espaço Comunitário se irão desenvolver. E aqui fica um excerto da introdução do nosso projecto de sala (que estará brevemente disponível no site da instituição):

"Não há desenvolvimento social sem a implicação dos cidadãos, estes são o primeiro e principal suporte da mudança. As pessoas são o principal meio para promover uma dinâmica de transformação capaz de melhorar de forma duradoura e auto-sustentada as condições do meio e a sua própria situação. Esta perspectiva tem sustentado vários projectos de intervenção comunitária e neste contexto tem-se valorizado sobretudo uma intervenção assente numa lógica globalizante que integre e articule diferentes dimensões da vida social. Atendendo a uma nova lógica e contexto social actual dominado pelo acesso às novas tecnologias da informação, ao uso destas, ao poder económico cada vez mais desregulado, à valorização do material e do supérfluo, à substituição do ser pelo ter, a uma crescente individualização do indivíduo, nomeadamente nas sociedades ocidentais, é necessário criar novas formas de protagonismo social que produza novas competências e capacidades de pensar e agir, individual e colectivamente.

O investimento no capital humano em todas as suas dimensões é o suporte essencial para evitar situações de exclusão que podem ser objectivas e subjectivas, sociais e psicológicas, culturais e materiais. Na prática, a exclusão social consiste numa dificuldade acrescida ou numa incapacidade social para se exercer os direitos económicos e sociais básicos, a qual não se deve exclusivamente à privação dos bens materiais.

Assim, não só é inquestionável o valor social da educação, como só será viável num desenvolvimento em determinado contexto, se houver uma efectiva melhoria da qualidade dos recursos humanos. E esta noção de educação e/ou formação não se limita à aquisição de competências instrumentais (como o saber fazer), mas trata-se de uma noção mais abrangente que contempla o desenvolvimento de competências sociais, pessoais e relacionais, de convivência cívica e do exercício da cidadania (saber ser e saber estar).

Tratando-se portanto, de um processo multidimensional que gera e desenvolve capacidades, competências e dinâmicas. A educação é um dos principais desafios que se colocam actualmente, dado que cada vez mais os défices no campo educativo se relacionam directamente com outras questões, nomeadamente no que diz respeito à falta de autonomia e capacidade de realização pessoal, no decréscimo da capacidade de participação social nas hipóteses de empregabilidade, nos baixos níveis de literacia."
in: Projecto de sala do CATL do Espaço Comunitário, ano lectivo 2008/2009

janeiro 06, 2009

Observatório da Infância - artigo sobre a fome de afecto

Para consultar: http://www.observatoriodainfancia.com.br/

Fome de afeto - Concurso de fotografias revela a mais invisível das violências contra a infânciaRio de Janeiro 15 dezembro 2008
Este artigo foi escrito pela jornalista Eliane Brum na Revista Época em 28/10/08.

Há uma outra fome que também mata. É nela que o pediatra Lauro Monteiro pensou quando criou o concurso de fotografias do Observatório da Infância. Ao desafiar os fotógrafos de todo o país a captar algo tão intangível quanto a falta de afeto vivida por uma criança, ele queria denunciar a mais invisível das violências. As onze imagens selecionadas desvelam as cenas cotidianas que preferimos ignorar. São pequenos corpos que não são tocados, olhares que não encontram nenhum outro para saber que existem. Crianças assassinadas em vida, lentamente, por um gesto que não aconteceu.

É para essa brutalidade que só deixa hematomas na alma que essas fotos nos levam. Não apenas ao desamparo da infância miserável, dos meninos e meninas de rua. Mas também à solidão das crianças dentro dos lares de classe média, que choram não pelo último lançamento da indústria de brinquedos, mas por um afago que mostre a elas o contorno de seus pequenos corpos. E que um dia estancam o soluço no peito porque ninguém as escuta. Desistem. É essa a indigência que gera subnutridos de espírito, adultos partidos pelas ruas do mundo. Mutilados na infância do invisível essencial.

As fotos deste artigo encontram-se no site acima indicado.
FELIZ ANO DE 2009
FELIZ ANO DE 2009
FELIZ ANO DE 2009
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